Eliane Rudey - nascida no Paraná, mas há 45 anos vivencia a realidade amazônica, residindo, na maior parte desses anos, no estado de Rondônia, onde mora atualmente. Graduada em História e Direito. Escreve poesias como forma de se perceber no mundo e entender seus próprios conflitos internos. Muito influenciada por mulheres incríveis como: Florbela Espanca, Cecília Meireles e Elisa Lucinda.
Leia textos poéticos da escritora:
Longe se vão meus pensamentos
Passeando entre beijos e sorrisos seus
Percorrendo lembranças
Que hoje mais se parecem delírios
Longe vou
Escorregando aqui e ali
Numa Palavra, num olhar,
Num gesto de carinho
Longe estás
Meu amor
Deslizando entre meus sentidos
Muito intenso
Na batida do meu coração
Longe voa
Ferido
O pássaro preso pelos contratos surreais
Longe não existe
Para um amor que não se prende aos corpos
Amor,
Faça de mim sua morada,
Mais demorada.
Casa nova, com varanda, cozinha e quarto.
Na varanda,
A rede pra embalar seu ócio,
O livro que vai te fazer viajar,
Sino dos ventos a soar.
Na cozinha,
Seu pão, seu antepasto, apimentado,
O seu vinho mais encorpado, tinto, frutado,
Seu tempero mais exótico, caricato.
No quarto,
A cama afável que te acolhe desinibida,
O travesseiro atrevido que te faz um cafuné,
A penumbra muda que vigia o sono.
Amor,
Faça de mim sua namorada,
Flor do teu jardim amazônico,
Companheira de poesia e caminhada.
Antonio Kélisson Gondim - "amazocreano", natural do Vale do Juruá (Amazônia Sul-Ocidental brasileira). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Rondônia. Graduado em Letras (Português) e tem experiência com projetos de pesquisa voltados à formação de professores e saberes digitais na prática em sala de aula, bem como trabalha com a formação de leitores-produtores de textos na perspectiva sociointeracionista da Linguagem. No campo da Literatura, publicou produções poéticas em antologias nacionais; e é o idealizador deste projeto para o qual este site está destinado.
Leia textos poéticos do escritor:
Eu caminho amando a vida,
e sou grato.
Os meus pés descalços estão marcados
pelas pedras que encontrei nos caminhos:
tropecei,
desviei,
caí,
sangrei na ponta do dedo,
levantei.
As marcas deixaram meus pés,
mas ficaram nas minhas raízes,
no meu jeito de pisar:
Cuidar!
Aprendo a amar a aquarela,
mas também amo o caminho desmatado.
Não vejo apenas o mar de rosas.
Vejo o mato seco.
Vejo a falta de chuva.
Vejo o excesso de lágrima.
Vejo o vazio no estômago.
Vejo a secura na alma.
Mas também vejo as gotas
caírem do Céu
sobre o rosto sem vida.
Vejo o riso que brota.
Vejo o abraço da mãe natureza.
Vejo a guarida.
Eu caminho conversando
com o Criador do mundo.
Eu amo o Criador do mundo!
porque este Amor me torna imperfeito.
Eu amo as imperfeições!
Amo o caminho vasto e
o caminho estreito.
Eu amo o que me mantém incerto!
porque a busca é feita
das interrogações.
Eu amo os lugares nebulosos.
Eu amo o desafio de me perder.
Eu amo me reencontrar!
Porque conversar com Deus talvez seja
tropeçar na arte dos reencontros.
(GONDIM, Kélisson. Publicado junto ao projeto "Mundo dos Poemas", com sede em Lisboa, Portugal. Narração disponível em: <https://youtu.be/AGo-iDfG-h0>. Acesso em: 11 Maio 2021)
Hoje eu queria um domingo feliz.
Um domingo em que os raios do sol
fossem capazes de erradicar
a tristeza na mulher infeliz e
de enxugar uma gota no olhar
de uma criança com fome de pão
e fome de amor.
Hoje eu queria um dia de chuva
Mas uma chuva que servisse
para enxaguar o coração de pedra
e onde a dureza de uma rocha só houvesse
para superar as batalhas da vida.
Eu queria, hoje, uma água de tranquilidade
sem correntezas
para apaziguar a preocupação de
uma mãe que tanto luta para
proporcionar um belo futuro a seu filho
Mas também gostaria de uma água
com correnteza lenta e voraz
para acalmar e fazer arder
o amor no coração dos homens.
(GONDIM, Kélisson. Poema publicado em Antologia poética de autores brasileiros sob o título: Talento poético: as melhores poesias em Língua Portuguesa. Ano da publicação: 2015. Página: 78. IBSN: 978-85-8460-003-8. CDD B869. Narrado junto ao projeto "Mundo dos Poemas", com sede em Lisboa, Portugal. Narração disponível em: <https://youtu.be/DZuNJr3TtZo>. Acesso em: 11 Maio 2021)
Gabriel Ribas de Souza - nasceu em São Paulo - SP, mas também morou em Santana de Parnaíba - SP durante alguns anos. Atualmente reside em Ariquemes - RO, onde é estudante do Ensino Médio. O jovem escritor é amante da Literatura e usa a escrita em versos para registrar suas inquietações mundanas.
Leia textos poéticos do escritor:
Voltando à rigorosa rotina
que eu tinha como compromisso
me levanto e começo a andar.
No caminho
me junto ao silêncio
rumo ao precipício
até parar numa vila
e nela comprar flores.
Pego-as - lindas - flores e
assim que fico entediado
começo a atirá-las
continuando a jornada
no ritmo de meus passos.
No caminho destruo flores ...
Tenho comigo uma Jasmim:
a única que pude esconder
das minhas mãos
até mesmo de mim.
A flor está murcha
sem pétalas...
quase sem vida.
Jogo-a no chão e
a amasso com meus pés:
a flor sangra
O vento (comigo) se embravece
desfazendo minha dor.
No caminho compro (mais) flores ...
Meu começo
agora
é precisão
meu caminho
decorado
conhecido
precisão
meu pensamento
agora
é preciso
(talvez eu esteja errado)
eu me intento
me construo
em pensamentos,
precisões incertas
agora
por você
e me recomeço
em uma ideia imediata
agora
por você
pois
pensei em você
me precisei em você
agora
mais do que nunca
preciso de você...
para me preencher.
Alaide Lopes Monteiro - natural de Rondon (PR), mas atualmente reside em Ariquemes - RO. A escritora tem formação em Pedagogia, com especialização em Linguagem e Educação. Tem experiência em docência e orientação educacional no ensino público. Atualmente é professora, servidora pública na Educação Básica de Rondônia, casada e apaixonada pelas palavras.
Leia textos poéticos da escritora:
Sou filho: mas que filho sou?
Como nasci e como vou crescer?
Onde meu sangue está instalado?
Que lição na escola irei aprender?
Será que a vida me espera
com lápis e pincel pra eu pintar?
Com brincadeiras, musiquinhas
junto a colegas compartilhar?
E, se eu morar numa rua à margem
do coração desta periferia,
poderei contemplar a paisagem
do que hoje ainda é fantasia?
Tenho medo de ir à escola
e logo assumir responsabilidade
Mas quero conhecer o alfabeto
e outras proporções da cidade
para o meu futuro dar certo
Não, não! Não quero pensar!
Eu quero é me divertir.
Quero brincar no parquinho.
Quero cantar e também sorrir.
Quero fazer muitos rabiscos.
Quero meu mundo colorir.
Que não tardando me chegue,
o que prevê a Lei do Brasil:
creches, praças, cinema...
Quando a Magna sair do papel
se fará nosso justo sistema
(MONTEIRO, Alaide Lopes. Pensamento Infantil. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 33).
Será que eu te amo?
Porquanto senti dentro do peito
alguma coisa assim roendo
que os meus olhos paralisaram
a uma distância de quilômetros
E o coração esmaeceu triste
por medo de te perder...
Porque procurei entender sobre a dor
Descobri, que para cada pergunta,
a resposta seria amor...
Porquanto, depois de perceber:
o Amor é belo para com ele viver
Fruto inesquecível que não apodrece
Porque me calo se você erra comigo?
Teus insultos me pisam em meus ciúmes
Mas te perdoo e te aceito,
Meu grande Amor,
Meu melhor amigo!
Sim, eu te amo!
Só agora descobri o que é amor
Que nem o ar, jamais quero te perder
Nosso amor é como flores
que desabrocharam dentro de mim
Eu só preciso cultivá-las
para renovar os frutos de você em mim
(MONTEIRO, Alaide Lopes. Eu te amo?. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 29).
Benedita Lopes da Costa - natural de Guaporema - PR, mulher independente e compositora das músicas "Quero te namorar" e "Fantasia", ambas gravadas com a dupla Cidinho & Cidão. A escritora é formada em Pedagogia, especialista em Gestão Escolar e atualmente mora em Ariquemes - RO, onde atua como servidora na Rede Pública Estadual de Ensino.
Leia textos poéticos da escritora:
Onde está aquele amor
que busco e ele não vêm?
Será que está escondido
no coração de certo alguém?
No despertar das manhãs
Nas tardes, no anoitecer
Onde está aquele amor
que eu não consigo ver?
Será que está no perfume
da flor da laranja-lima,
no sonho fantasioso
do coração da menina?
Onde está aquele amor
por detrás das incertezas
dos sonhos que não se acabam
e não conhecem tristezas?
O amor está no ar:
na oxigenação,
na brisa da madrugada,
no sol quente do verão
As manhãs da Primavera
embelezam a estação
que estão em cada pulsar
movidos pela emoção
O amor é natureza
é beleza interior
é vida pra ser vivida
sem mágoas e sem rancor
Amor é essência da alma
plantada no coração.
Só vive um amor real
quem nasce para o perdão.
(COSTA, Benedita Lopes da. Amor, onde estás?. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 44).
Permitas, meu amigo,
que eu toque as suas mãos.
Agradeço imensamente
por sua gentil atenção.
Estás sempre comigo
bem antes da concepção.
Com você aprendi que a vida
é feita de muita escolha
e que as causas irracionais
podem ter efeito-bolha.
Em meio à diversidade
que a vida proporcionou,
Aprecio as maravilhas
que a natureza criou.
Estando perto ou distante
é comum observar
que seu toque irradiante
faz o coração pulsar.
“Tudo ao seu tempo” ou
“Devagar também chega lá”
“O tempo chegou”
“É tempo de semear”
A colheita é abundante,
e é certo que virá,
Aquilo que se semeia,
um dia se colherá.
A pressa é aliada de muitas comemorações,
O egoísmo não permite dar explicações.
Mas com o tempo compreendi onde está o Criador.
Que a longevidade do homem é fruto do seu amor.
Escutem, se acalmem e esperem!
Tudo no seu tempo e lugar.
Apreciem o Belo e sejam gratos
porque toda beleza é viver e amar.
(COSTA, Benedita Lopes da. Tempo. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 46).
Ireni Sophia - (nome poético de Ireni Gomes de Oliveira), nasceu em Minas Gerais no dia 11 de Janeiro de 1966, mas reside em Ariquemes (RO) há 42 anos. A autora é casada, mãe de quatro filhos, tem formação em Pedagogia, é professora do ensino Infantil e Fundamental. Seus primeiros versos surgiram em 1977, quando se tornou amante das palavras.
Leia textos poéticos da escritora:
Eu te amo em silêncio
Não sei como isto aconteceu
Mas sinto que também me ama
Com o seu olhar no meu
Sempre que nos encontramos
Nós ficamos nos olhando
Sem dizer nada um pro outro
Só os corações falando
Parece que tem um ímã
Que puxa o nosso olhar
Eu fico te admirando
Sem conseguir disfarçar
Você é um homem alegre
Gentil e lindo também
Em você eu vejo tudo
O que desejo em alguém
O dia que não te vejo
Fico sem felicidade
Olho suas fotos no face
Pra matar minha saudade
Eu te amo loucamente
Não sei mais o que fazer
Não quero me revelar
Mais sofro em te querer
(SOPHIA, Ireni. Te amo em silêncio. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 71).
Quando a gente estava junto
Tudo perfeito ficou
Depois que nos separamos
Tudo no mundo mudou
Estrelas não brilham mais
A lua se escondeu
A chuva parou nas nuvens
O sol não apareceu
A flor perdeu o perfume
O jardim todo murchou
Passarinho entristeceu
Nunca mais galo cantou
O doce ficou amargo
O salgado azedou
O azul embranqueceu
E o verde amarelou
Nas cobras nasceram pernas
Leão feroz amansou
Minhoca bate em galinha
E elefante falou
A terra perdeu a força
E o maior Rio secou
Os peixes vivem chorando
E o cachorro voou
Pro mundo ser como antes
Preciso do seu amor
Pare, pense e analise
O tamanho do seu valor.
(SOPHIA, Ireni. Sem você tudo mudou. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 67).
Aparecida Ferreira Pires - natural de João Neiva (ES), nascida aos 03 de Agosto de 1960. É formada em Letras Português/Literatura e especialista em Pedagogia Gestora e no Ensino de Artes, atuando na Educação Pública no Estado de Rondônia. Apaixonada pelas poderosas letras que fluem soltas em sintonia com o vento.
Leia textos poéticos da escritora:
Menino, conta pra mim a tua história!
Sei! Está guardada em tua memória
Teu tormento transformado em superação
Conta, menino, conta pra mim tua canção!
Tudo envolve amor e euforia
Questões em prosa e poesia
Tão quanto tua Maria envolventes
De frescores suaves, beneficentes
Virtudes de inestimada alegria...
Menino, como é belo o teu viver!
Propagas prazeres ante à solitude
Da calma o coração passa a tremer
de tantos que te querem vicissitude
Faças, Menino! Faças emudecer!
A voz que também não soube ouvir
De pequeno que não para de sorrir
As gargalhadas que não te podes perecer
Não ocultes o prazer jamais, Menino!
Dos saberes, dos amores, do bem viver
Que ser pequeno e ser forte leonino
E ter garras pra então se defender
Mostres o teu sonho, grande Menino!
Que tu sonhas junto a outros partilhar
E o mundo vem, Menino, transformar.
(PIRES, Aparecida. Menino. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 17).
O alvorecer é para ti felicidade
Compreensão com olhar de humildade
Mãos firmes que não prazem euforias
Olhar profundo de quem não se anuvias
Coração como um mundo fascinante
O léxico inebriante e preconcebido
Gentileza com o tom sempre constante
E o Amor que contagia indefinido
O ofício que se faz imprescindível
O fazer que não precisa ser insensível
De amar, de amar, de amar...
Tu és amável, mas alimentas sutil pudor
Quando sempre, de primazia, então agir
Não permitas que o cansaço do teu labor
se transforme em rancor dentro de ti
Pois amor é o que se vê em teu olhar
De tão voraz solta batidas caloroso
Mas é singelo e nobre silencioso
O silêncio ancoradouro de mais amar
(PIRES, Aparecida. Primor. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 18).
Daia Sana - (nome artístico de Edaiane Sana de Freitas) nasceu em 05 de Fevereiro de 1985, em Ariquemes (RO). A autora tem formação em Pedagogia, experiência em docência, coordenação e gestão escolar e mestrado em Educação. A autora é feminista, mãe e amante da vida e das palavras.
Leia textos poéticos da escritora:
Lá detrás daquela serra
passa boi, passa boiada
Voam pássaros cantando
E brinca a molecada
Era muita criançada
Tinha muita confusão
Mas com abraço se resolvia
O fraterno laço de irmão
O tempo foi passando
E o destino foi selado
Seguimos nossos caminhos
Juntos de cada lado
Há coisas que acontecem
E não sabemos o porquê
Alguns partiram cedo
E não soubemos o que fazer
A tristeza tomou conta
Partiu nossos corações
Deus, Ser Onipotente
nos fortaleceu em orações
No peito ficaram guardadas
As alegrias e as lembranças
Que estão vivas na memória
Sem perder a esperança.
O silêncio ancoradouro de mais amar
(SANA, Daia. Irmandade. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 114).
Quando a vida fora transformada
Pôs-se bem no meu colo teu “cheirim”
um perfume com aroma de café
de ternura que colore o meu jardim
Um jardim quase antes um cerrado
De mansinho o vento trouxe a semente
Quando havia nem ao menos esperado
O seu choro de menina, ri contente
Em um ninho tão vazio tu chegaste
Preciosa joia rara como ouro
Berço com nuvens e céu estrelado
Aconcheguei com abraços meu tesouro.
(SANA, Daia. Meu Tesouro. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 116).
Edleuza Fergom - (nome artístico de Edleuza Ferreira Gomes Franco) nasceu em 09 de Dezembro de 1977, em Presidente Médici (RO). Filha de pai agricultor e mãe professora, aprendeu desde cedo a reconhecer a importância da Educação. A autora é formada em História, especialista em Arqueologia da Amazônia e em Pedagogia Gestora. Atualmente é professora servidora pública no município de Ariquemes (RO) e escreve para compor memórias.
Leia textos poéticos da escritora:
Da janela do quarto,
olhava para rua
Nua e crua,
revelava a tristeza
que vinha na rua.
O ser humano perdido
não era bandido,
não tinha destino,
caminhava sorrindo,
buscando comida
que encontrava nas ruas.
Como criança, não entendia
por que existia tanta comida na mesa
e barrigas vazias caminhando nas ruas.
(FERGOM, Edleuza. Indagações. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 99).
Pela ponte da estrada
ela ficava olhando o menino
que vagamente caminhava.
Lá de cima ela sonhava
com o dia que tocaria
a pele macia
do Menino do rio.
Eram crianças e imaturas
Não havia nem as maldades
que se criam na adulta imaginação
Tudo era puro e de verdade
no inócuo do coração
Quando menina ela o amava
De longe olhava o Menino no rio
Um dia, na ponte, ela o encontrou
olhando em seus olhos, tudo contou
Num beijo durou como sendo infinito,
Agora em seus braços, o Menino do rio
Era, enfim, seu grande Amor.
(FERGOM, Edleuza. O Menino do Rio. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 104).
José Reijanio Andrade - natural de Icó (CE), mas reside em Ariquemes (RO) desde 2006. O escritor é compositor e pratica a poesia em versos, descobrindo o amor pela Literatura. Atua como incentivador da cultura poética de demais manifestações artísticas, apresentando programa em espaço digital.
Leia textos poéticos do escritor:
O universo é tão perfeito,
tão cheio de encanto e harmonia
Tem coisas encantadoras,
como o sol que brilha durante o dia.
A noite tem a lua cheia
de encantos e de magias.
Tem as estrelas que brilham,
tem até a estrela guia.
Tem o arco-íris nos dias chuvosos,
com seu colorido encantador.
São cores vivas e únicas,
desenho de um Grande Pintor.
Pintor esse que fez tudo perfeito,
com muito carinho e muito amor.
Esse é Deus, Jesus nosso Senhor!
Até quando calaremos, nesse desespero
vendo corpos femininos tomando forma de brinquedo
onde as manchas na pele aparecem todo dia
roxos e hematomas são pintados por covardia?
Tanta angústia e tanta agonia
tanto medo e tanto terror
que vivemos noite ardia
E será que isso acabará um dia?
A mulher será livre pra viver sua magia
de ser mulher amada e respeitada como deveria?
Mulheres sejam fortes, unam-se de uma vez
Não deixem o medo maltratar todas vocês
Não guardem para si mesmas aquela agressão
outra vez não se calem, denunciem e vão além
não escondam, falem, conversem com alguém.
De onde já se viu "estupro culposo"?
É como se estuprar alguém
fosse apenas um ataque nervoso
Não quero imaginar como é doloroso
clamar por justiça aguardando
a sentença de um fato tão pavoroso.
Até onde iremos com uma justiça tão corrupta?
Inocentando acusado, tirando-lhe toda a culpa
Sei que não é fácil, não, ouvir no final
que um juiz tomar a decisão que estupro
é culposo e não ter condenação.
Mulher, não permita que alguém te faça mais um mal
não se cale diante de uma agressão verbal
não seja oprimida, esperando chegar o minuto fatal.
Iraci Marques - nasceu em Glória de Dourados (MS), em 06 de Setembro de 1965, mas atualmente reside em Ariquemes (RO). Maria Iraci Marques é Pedagoga Especialista em Orientação Educacional e em Gestão Escolar, aprendiz da vida, mãe e poetisa.
Leia textos poéticos da escritora:
Caminhos são apenas caminhos
Se não se sabe aonde ir
São metas que não se alcançam
Ideais a não atingir
É necessário saber
o que se pretende buscar
Para que se consiga
O sonho realizar
Quando se sabe o que quer,
o pisar tem segurança
No solo que mostra a luta,
mas não perde a esperança
Enxerga-se com mais certeza
O dom de perseverar
Quando se trilha o caminho
que se sabe onde vai dar
Caminhando em rumo certo
Não precisa hesitar
Só precisa com alegria
a vitória esperar!
(MARQUES, Iraci. Caminhos. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 55).
As armas de um poeta:
são uma caneta e um papel
E com elas conquistamos
o nosso próprio céu
O poeta é aquele
que escreve a voz da alma
Como se fosse um dom...
Aquele dom que acalma
Ele fala da vida
de sonhos e de alegrias
Pois se não falar dos mesmos
dele o que seria?
Ele tem o seu mundo
repleto de fantasias
Mas é lindo, é belo...
E você entrando nele
Sair jamais deveria
Nesse mundo ele toca
Sua alma e coração
Sua vida interior
É tudo luz, é canção
Como também ele grita
chora como criança
Mas depois é tão incrível...
renasce sua esperança
(MARQUES, Iraci. Mundo-poeta. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 56).
Mali Cória - Iraci Cória da Silva Mendes nasceu em Porto Velho (RO), em 09 de Dezembro de 1966. Atualmente reside em Ariquemes (RO). A autora é Pedagoga, especialista em Psicopedagogia, mãe, avó e poetisa-aprendiz, que brinca com as palavras para corações se encherem de sonhos.
Leia textos poéticos da escritora:
Não saiu nem uma palavra
entalada bem na garganta
Apenas silenciei.
O coração pela dor partido
E tudo se perdeu...
Em silêncio
[Apagado]
Pensando de aferrado:
“Vale mais o eco íntimo
De tudo que chega ao fim.”
(CÓRIA, Mali. Coração calado. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 80).
Às vezes no escuro me sinto:
é frio, vazio, tão tenebroso!
Tudo parece sem chão
Não há paredes.
Às vezes me sinto no escuro:
carente de algo, ou alguém
Talvez até uma palavra
que traga Paz à minha alma.
Às vezes me sinto no escuro:
não há nem um lampejo de luz
Tudo é muito triste e estranho
Ao meditar sobre isso, tenho medo.
Às vezes me sinto no escuro
Mas elevo os olhos ao Alto
Vejo do Alto uma esperança
Aí me sinto confortado e seguro.
Já não me sinto no escuro:
vejo um lampejo de luz
Brota força e coragem
Então continuo olhando para o Alto.
(CÓRIA, Mali. No escuro. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 81).
Pedra da Lua - Maria Penha da Silveira nasceu em Barro Branco/Resplendor (MG) em 25 de Dezembro de 1970, mas atualmente mora em Ariquemes (RO). A autora é professora e educadora social e militante das causas do povo. Sonha com dias melhores e com a sociedade em marcha, rumo à Pátria livre.
Leia textos poéticos da escritora:
O sonho da Pátria Livre
vem do ventre das fêmeas.
Que entre flores e frutos,
ousam somente sonhar
Com uma pátria justa e livre
que os seus filhos abriga
em marcha e luta
para uma sociedade decente.
Entre lutas e dores
Seguem carregando sementes
de melhores dias e formas
de se viver com Justiça
Com homens, mulheres
Jovens e crianças
Uma pátria em mudanças
Que acolha toda gente
E abrigue todos os sonhos
Daqueles que vivem somente
Lutando por uma pátria justa.
(LUA, Pedra da. Sementes da Pátria justa. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 89).
O pó da terra agarra
nos rotos chinelos
desgastados pelo tempo
que ainda protegem os pés,
de jovens e crianças
que nasceram de um lar
que não possuem um par de meia
Sala ampla, mesa farta
Na casa de poucos têm!
Na maioria do povo,
a fome é o que mais convém
Pelo olhar dos poderosos,
os pobres são onerosos
dos tesouros que a Pátria tem.
Lutando por uma pátria justa.
(LUA, Pedra da. Poeira e fome. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 90).
Allan Murgh - Alan Alves de Oliveira nasceu em 01 de Abril de 2002, em Ariquemes, interior de Rondônia. Filantropo, pai e poeta, versa a vida e sonha com a utopia de um mundo perfeito. Atualmente faz show de humor em ambientes reservados a entretenimento e Cultura.
Leia textos poéticos do escritor:
(Ela) os pulsos sangrou
Sorrindo...
(Ele) se envenenou
Perdido...
(Ela) da janela saltou
Caindo...
(Ele) se enforcou
Desnutrido...
(Ela) queria ser dentista
(Ele) queria ser professor
(Ela) queria ser motorista
(Ele) queria ser doutor
Amanhã acorde tarde!
Não leia os jornais!
Outro suicídio na cidade
passará nos canais.
Nunca ninguém saberá
quando se despedir
Nem o amor entenderá
Exceto quando partir
(MURGH, Allan. Suicídio. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 121).
Hoje acordei assustado
Percebi que tenho oito anos
Há um monstro do meu lado
E outros dois nos meus sonhos
Cadê meu pai?
Cadê minha mãe?
Que viessem me socorrer
Acho que o bicho-papão
Quer me todo comer
Hoje acordei cansado
Vi que tenho dezoito anos
Enterrei sonhos do passado
E realizei alguns planos
Cadê meu pai?
Cadê minha mãe?
Que viessem me socorrer
O adeus ao meu namoro
Eu quero mesmo morrer!
Hoje acordei casado
Vi que tenho trinta anos
Tenho filhos ao meu lado
Do jeito que planejamos
Cadê meu pai?
Cadê minha mãe?
Que viessem me socorrer
A minha conta de luz
amanhã já vai vencer
Hoje acordei solitário
Vi que tenho oitenta
E me cuida um voluntário
do asilo “Mais Sessenta”
Cadê meu pai?
Cadê minha mãe?
Que viessem me socorrer
Queria ao menos cinco minutos
Para de novo poder os ver
Mas hoje o tempo levou tudo
Deixando só a memória
Ando ficando meio confuso
Esquecendo de minha história
Quem é meu pai?
Quem é minha mãe?
Quem é você?
Quem sou eu?
(MURGH, Allan. Memória perdida. In: GONDIM, Kélisson (Org.). Vozes Perdidas no tempo. Brodowski: Palavra é Arte, 2020. p. 123).
Kaylane Mesquita Cruz - nasceu na capital de Rondônia, mas atualmente reside no interior do Estado, em Ariquemes. A jovem escritora é estudante, apaixonada por esportes e livros, e adora a escrita em versos. Além disso, Kaylane é autora de letras de várias músicas e composições poéticas com melodias autorais. Nas palavras da compositora: "Escrevo para demonstrar os meus sentimentos e alcançar, de alguma forma, as pessoas no campo das suas emoções. Escrever é, para mim, como o vento: nunca acaba, é leve, espontâneo e é preciso para sobreviver."
Leia textos poéticos da escritora:
Havia uma menina
A mais sonhadora
Seu maior sonho
era ser escritora
Havia uma menina
que gostava de sonhar
Seu maior sonho
era instrumentos tocar
Havia uma menina
Uma menina tão boa
Seu maior sonho
era ser professora
Havia uma menina
Ela estava tão triste
Pois o seu sonho
ela não me disse
Mas me disse que não sabia
Ela não sabia sonhar
E me perguntou
se eu podia a ela ajudar
Eu falei: "pequena menina,
feche os olhos e pense
Crie e descubra
o que está em sua mente"
Ela me disse: "grande menina,
como você sabe disso?"
Com lágrimas nos olhos eu disse:
"Eu já passei por tudo isso"
Olhei nos olhos dela
Chamei-a a atenção para que me visse
E com muita felicidade
Eu simplesmente a disse:
"Eu era uma menina
A mais sonhadora
Queria instrumentos tocar
ser professora e escritora"
(Kaylane Mesquita Cruz)
Vivemos uma vida que morre
Uma vida que vem e depois se vai
Uma vida que aparece e depois vai embora
Uma vida que vem, mas não demora
Pois quando a pessoa começa a vida
A vida que realmente lhe pertence
Acontece alguma coisa
que mexe com a sua mente
Ela não vê mais necessidade de ter a vida
A vida que ela acabou de ganhar
A vida que lhe pertence
Que mesmo velho poderá achar
A vida que vivia já não vive mais
Ela não quer a vida, ela não corre atrás
Ela não se esforça, então decide deixar para trás
A vida que vivia já não vive mais
Mas e se ela ao menos tentasse
Será que a vida estaria viva?
Se ela ao menos corresse atrás
Será que a vida viveria?
Talvez sim porque ela tentou
A vida vive intensamente
Ela já conheceu muita gente
Ela já estaria contente
Mas ela não correu atrás
E aí, o que vai acontecer?
A vida não vive mais
A vida que se foi sem nem envelhecer
Deixe a vida ter vida!
(Kaylane Mesquita Cruz)
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