POETAS E POETISAS MARGINALIZADOS(AS) NO VALE DO JURUÁ - AM
É preciso despir-se das “Vozes” esquecidas nas estradas da vida;
é preciso revelá-las para um mundo sem ouvidos;
é preciso gritar tudo o que se carrega na Alma,
sem ao menos emitir som algum;
é preciso reencontrar as chaves dos cadeados
que aprisionam as mágoas;
é preciso (re)descobrir que as palavras flutuam
no céu dos devaneios
e nos renovam a paz;
Que sejamos a “Voz” de um com a “Voz” do Outro - entrelaçadas –
para sermos, enfim, “Vozes Perdidas no Tempo”,
em busca de corações mais felizes...
Porque a nossa Voz tem o poder de alcançar o mundo e transcender horizontes.
O projeto Vozes Perdidas no Tempo: poetas e poetisas marginalizados(as) no Vale do Juruá (AM/AC) objetiva investigar sujeitos escritores que produzem textos poéticos enquanto cidadãos comuns que vivem à margem da grande cultura impressa do livro. Trata-se de um redimensionamento, sobretudo geográfico, do projeto Vozes Perdidas no Tempo: descobrindo e divulgando escritores no Vale do Jamari (RO), cuja primeira edição, em 2020, demonstrou-se exitosa e promoveu, até então, a valorização de autores, a maioria deles professoras, que habita(va)m naquele Vale e que nunca tinham publicado suas produções poéticas. A partir desse redimensionamento, a prioridade passará a ser atribuída a escritores marginalizados a partir do Vale do Juruá, na região amazonense fronteiriça com o Acre. As produções/autorias, portanto, deverão ser apresentadas por pessoas comuns, isto é: pessoas que escrevem textos em prosa poética ou em versos, entretanto nunca dispuseram oportunidade de publicar esses manuscritos em mídias reconhecidas, mormente aquelas mídias relativas à cultura do livro impresso e e-book. Os textos podem ser registros de momentos vivenciados ou idealizados, fases da vida, experiências e aprendizados, de tal modo que seus sentidos reflexivos traduzam aspectos da vida humana, reais ou fictícios, em determinada época e espaços que nos remetam à história do Vale do Juruá, colaborando, assim, com a memória literária da região. O projeto configura-se relevante por ancorar-se na necessidade de se incentivar a valorização da produção poética marginalizada, promovendo reflexões em diferentes mídias, a saber: site, redes sociais, livro impresso e e-book, concernente ao exercício do letramento poético enquanto exercício intelectual que considera tanto o aspecto verbal-escrito e artístico quanto práticas de autorreflexão e autoconsciência necessárias ao aprimoramento intelecto-moral e socioinclusivo. Buscar-se-á, portanto, valorizar escritores locais/ regionais por meio da divulgação oficial de seus textos, a partir da região brasileira conhecida por Vale do Juruá, em região interiorana do Amazonas. Nesse sentido, este projeto configura-se mediador entre o poeta/a poetisa marginalizados e a cultura do livro impresso e outras mídias, contemplando, metodologicamente, a investigação caracterizada como investigação qualitativa. Nas mídias digitais, buscar-se-á, de maneira mais rápida e democrática, possíveis sujeitos que escrevem e engavetam seus textos, sem oportunidade para divulgá-los como reconhecimento de produção artístico-cultural.
Desse modo, considera-se a escrita poética fundamental para a democratização do acesso à cultura do livro, sobretudo em formato físico/impresso, que, apesar de mais tradicional ante a mídias digitais, coexiste junto às inovações do mundo tecnológico-digital. Para tanto, privilegiar-se-á produções cujas temáticas envolvam tanto a verossimilhança com realidades subjetivas, existenciais e universais do homem, quanto abordagens de cunho sociocultural que dialoguem com espaços locais específicos e temporais. As obras deverão contemplar, inicialmente, a estrutura-composicional de versos e/ou prosa poética que se associem ao estilo de uma linguagem mais figurada e literária, principalmente que explorem recursos linguísticos como: plurissignificação, subjetividade e verossimilhança, que configuram uma expressão verbal mais artística. Outrossim, os recursos metodológicos que serão utilizados, para formação e ampliação de grupo de escritores do Vale do Juruá – AM, estarão vinculados a plataformas digitais acessíveis e populares, com páginas específicas em redes sociais como Instagram e Facebook, além de grupo de interação no WhatsApp. As ações serão desenvolvidas em ciclos, a partir da sua segunda edição prevista no biênio 2024-2025, conforme as etapas que seguem arroladas: i) criação de grupo com integrantes da respectiva edição em plataforma digital (WhatsApp); ii) produção de edital para concurso da respectiva edição; iii) publicação de edital no site oficial do projeto: <https://www.vozesperdidasnotempo.com.br/>; e abertura das inscrições no portal: <https://www.even3.com.br/organizador/>; iv) recebimento de coletâneas com textos inéditos para avaliação e seleção; v) compilação de documento com a coletânea de textos por autor(a) selecionado(a); vi) publicação dos autores selecionados no site oficial do projeto; vii) devolutiva, para cada autor(a), com textos escolhidos e sugestão de revisão gramatical/linguístico-estrutural, se necessária; viii) recebimento/devolutiva das coletâneas individuais a partir da sugestão de revisão, quando for o caso; ix) aprovação dos textos finais, respeitando a autoridade autoral, e apresentação para editora parceira com foco na publicação; e, por último, x) encerramento da edição com realização de evento de lançamento da antologia Vozes Perdidas no Tempo 2ª edição a partir do Vale do Juruá, em escola pública ou, considerando a possibilidades de eventos que impeçam a presencialidade, em evento online através de plataforma digital disponível (YouTube, Facebook Live, Meet, Microsoft Teams, ou outra ferramenta escolhida em consenso no grupo de participantes da edição). Os procedimentos de revisão serão realizados por integrante(s), do projeto, especializado(s) em Letras Vernáculas e/ou Literatura(s) e por equipe de revisores da editora parceira. Todos os participantes receberão certificados de autoria com os títulos de suas respectivas produções poéticas. Os resultados da primeira edição, realizada no Vale do Jamari (RO), indicaram a relevância de se valorizar produções literárias locais, para que a linguagem escrita, a partir do gênero poético, não seja privilégio apenas dos escritores eruditos, mas rompam as barreiras canônicas da erudição literária, contemplando também a inclusão por meio do reconhecimento de produções populares às margens das grandes editoras. Com esse redimensionamento geoartístico, esperam-se uma riqueza de produções marginalizadas que ofereçam reflexões sobre aspectos históricos e da cultura local e que alcancem a cultura impressa e digital utilizadas pelo projeto. Tais resultados já alcançados e, outros, esperados convergem à premência de se trabalhar o estímulo prático da escrita artística em âmbito social de interação verbal.